quinta-feira, 22 de março de 2018

ELEIÇÕES NAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO



ELEIÇÕES NAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO

Na semana de 12 a 16 de março de 2018 grande parte das escolas da rede estadual de ensino de Alagoas estava envolvida com as eleições para gestores. Desde o início, a equipe da SEDUC esteve empenhada para que o pleito acontecesse da melhor forma possível. Foram 122 escolas e podemos dizer que, quantitativamente, compartilhamos um pleito com colégio eleitoral maior do que muitas cidades. Cabe-nos, então, algumas considerações.
De forma macro, as escolas estaduais se configuram como um dos locus onde o exercício da democracia mais deve existir. Podemos dizer inclusive que se aprende democracia na escola. De forma histórica, o exercício da democracia e o desenvolvimento do pensamento científico têm sido as principais bandeiras da construção de uma escola moderna e que promova a cidadania. Todas as ações devem então estar sincronizadas para esse objetivo.
Antes mesmo a formação do novo quadro de gestores para as escolas da rede estadual, o pleito vivido há pouco tempo, faz parte do início de um novo ciclo democrático, em que os gestores são parte diretiva, e que, imersos em todas as dificuldades, inerentes ao processo de coordenação e gestão de grupos, instituições e pessoas. Entretanto, eles não são as únicas andorinhas, mesmo que tenham boas intenções sozinhos, não poderão reorganizar o processo de crescimento e desenvolvimento de nossas escolas. A lição que propomos, com o pleito de eleição dos gestores das escolas da rede estadual, é que a lição democrática não se encerre com esse momento. Que ela sirva em nossas escolas para o entendimento de que um caminho possível e plausível para a escola pública de Alagoas e o desenvolvimento da democracia com todos os seus sujeitos, em todos os seus espaços, congregando as diferenças e se propondo a ser um processo perene. As eleições serão, então, um dos momentos mais prazerosos, em que a comunidade escolar, dotada de entendimento sobre sua realidade faz a escolha pela continuidade ou pela mudança de uma proposta, realizando de forma consciente e madura o rito de passagem de todos os sistemas democráticos. Que ao processo democrático das eleições que estamos vivendo acresçam-se professores vigorosos e comprometidos, funcionários dedicados, conselhos escolares engajados, grêmios estudantis atentos e atuantes e comunidades sensíveis ao desenvolvimento da escola, sem desconsiderar, claro, a importância do papel institucional da SEDUC.
Daniel Marinho, Rapsodo dos Sertões.


segunda-feira, 5 de março de 2018

ALGUNS DESAFIOS PARA O ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ALAGOAS.




ALGUNS DESAFIOS PARA O ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ALAGOAS.
Nessa última semana, estivemos reunidos durante dois dias com gerentes regionais, chefes de rede e técnicos pedagógicos. Alguns desses últimos ganharam o apelido, que advogo que se torne uma alcunha, de elos pedagógicos. A denominação me parece justa, já que, além de professores, esses técnicos pedagógicos desempenham um trabalho árduo em suas regionais com o objetivo de realizar o acompanhamento pedagógico das escolas. A despeito de todo o empenho, consideramos que alguns pontos e procedimentos precisam ser repensados e, por consequência, mudados. Daí, nesses dois dias termos convidados tantos confrades com a intenção de apresentar-lhes as novas/antigas ideias para o acompanhamento pedagógico. Novas/antigas justificasse, já que, para os momentos de mudanças, tendemos a fracassar, quanto mais acharmos que as experiências anteriores não tenham muito a nos dizer. Elas inclusive, têm a nos dizer na medida em que vários de seus elementos são postos a prova, interrogados e finalmente descartados ou aproveitados, como produtores de uma síntese. Então, chegamos à conclusão de que era necessário analisar quais os formatos com os quais o acompanhamento pedagógico sempre aconteceu e realizar uma crítica desse processo. Feito esse primeiro percurso, a intenção passou a ser o estabelecimento dos princípios do acompanhamento pedagógico para as escolas da rede estadual de ensino.
Algumas considerações e algumas prédicas precisam ser contestadas, quiçá aniquiladas do cotidiano do acompanhamento pedagógico. Convido então, o(a) amigo(a) leitor a pensar sobre elas. Até então, nos parece que existe uma tradição na rede estadual que versa que o monitoramento das escolas se travestia de uma atmosfera de vigilância, punição e burocratização das ações. Discutimos essas questões nas reuniões e pudemos colher as principais impressões a respeito da confirmação da presença desses hábitos. Vamos finalmente ao nosso desafio?
Mesmo sabendo que muito tem sido feito, precisamos implodir as sensações de vigilância e punição. Vejamos inclusive, que já por muito tempo, a educação brasileira chamava o ato de “visitar” escolas de monitoramento. O ato de monitorar, e o fato de que todo ele era acompanhado de um capital social e cultural muito forte, por parte do técnico da regional ou da SEDUC, produzia uma antipatia da equipe escolar. São ainda muito comuns os discursos como: Esse cara da secretaria só vem aqui exigir. A secretaria só pede as coisas. A equipe da SEDUC vem nos punir. Visto isso, é necessário dizer que a primeira grande intencionalidade do acompanhamento pedagógico é a criação de um laço de confiança fundada no profissionalismo. Isso equivale dizer que, rejeitando o papel de um algoz do cotidiano da escola, o elo pedagógico deve integrar-se às rotinas, observando as fraquezas do processo de gestão pedagógica auxiliando a superação desses percalços. Gosto demais de dizer que nossa tarefa é criar pontes e não muros.
Mesmo sabendo que muito tem sido feito, precisamos implodir a sensação de burocratização do acompanhamento pedagógico. Pensemos, outra vez, na imagem do elo pedagógico indo à escola, entregando uma ficha qualquer, aguardando que ela seja preenchida, tomando um último cafezinho e indo embora. Nem preciso dizer que aquela ficha produz, na verdade, um lapso de realidade, um corte de memória tremenda sobre as relações da escola. Não que os números não digam nada. Na verdade, dizem parcialmente, e são sempre importantes para que, de forma proto-cientifica, se possa planejar as políticas públicas em educação. Queremos dizer então, que, mesmo existindo uma parcela importante de colhida de dados de forma alguma eles serão a razão principal da execução do acompanhamento pedagógico.
E finalmente, onde queremos chegar? Precisamos compreender o acompanhamento como a criação de uma rotina de ação – orientação – ação nas escolas da rede. O elo pedagógico será o agente que, inserido no dia a dia da escola, poderá inferir sobre o desenvolvimento das práticas pedagógicas, contribuindo para que a escola se perceba com uma gestão mais racionalizada e produtiva. Nesse sentido, profissionalismo, e até mesmo o afeto, servirão para a criação de elos de confiabilidade essenciais ao impulso da nossa realidade escolar.
Antônio Daniel Marinho Ribeiro, Rapsodo dos Sertões.