ABANDONO ESCOLAR – QUESTÃO SOCIAL E
PEDAGÓGICA – O COPO ESTÁ ENCHENDO...
Na última semana a equipe SURE
(Superintendência da Rede Estadual de Ensino) consultando os dados do INEP
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) lançou
os dados sobre evasão, taxa de aprovação e de reprovação da Rede Estadual de
Ensino de Alagoas, desde 2014. Analisando esses dados veio-me à memória uma
metáfora antiga que minha mãe cansava de repetir – a do copo meio cheio e meio
vazio.
Sabemos o quão interessante e perigoso
pode ser a análise de realidades sociais através de dados quantitativos. Gosto
inclusive de dizer que, afinal de contas, será a postura dos sistemas
educacionais, com seus professores, coordenadores, gestores, gerências regionais
e SEDUC, em suas posturas, se o dado será utilizado como vetor de avaliação e
reposicionamento das ações ou meramente fará parte do amontoado amorfo e
frígido da burocracia. Torna-se necessário, portanto, entender que os dados
devem pertencer à galeria das considerações que fundamentam a projeção, traçam
metas e institucionalizam ações criando uma cultura de trabalho pedagógico com
profissionalismo e foco. Pois bem, sigamos.
Dessa forma, as taxas de rendimento da
rede estadual de ensino de Alagoas foram analisadas desde de 2012 até 2017,
pelas fontes que foram acima referenciadas. Estamos aprovando mais e com mais qualidade. Em 2012 o Ensino
Fundamental tinha uma Taxa de Aprovação de 68,7 e já em 2017 observamos 85,0. No
Ensino Médio tínhamos uma aprovação de 69,0 e em 2017 observamos 83,1. Estamos reprovando menos, mesmo que ainda
reprovemos muito. Em 2012 a Taxa de Reprovação no Ensino Fundamental era de
16,2, já em 2017 reprovamos 8,8. No Ensino Médio reprovamos em 2012 o total de
9,2 e em 2017 o total de 7,5. E nossos estudantes estão abandonando menos a
escola, mas não podemos relaxar em hipóteses alguma. Em 2012 15,1 dos nossos
estudantes do Ensino Fundamental tinham que abandonar os estudos, já em 2017
6,2 foram forçados a tal. Quanto ao Ensino Médio em 2012 21,8 dos estudantes
abandonavam, já em 2017 9,4 assim o fizeram.
Se
observarmos, numa perspectiva histórica, esses dados demonstram,
contraditoriamente, que sérios problemas sociais persistem, ao passo que
demonstram um avanço progressivo, o que não demonstra algo conjuntural ou
acidental, mas consciente, por se tratar da organização coletiva de políticas
públicas de educação e ininterrupto, pois resulta de uma proposta de estado.
O copo ainda está meio vazio,
representa dizer que os dados que indicam problemas com evasão, aprovação e
reprovação decorrentes dos contextos sociais e pedagógicos. Nesse caso, a
evasão, se evidencia como uma das questões mais difíceis de serem combatidas,
pela presença muito evidente de vetores exógenos à vida escolar de forma
direta. A necessidade de locomoção de algumas famílias, onde um dos cônjuges
precisa estar atrelado a invariabilidade do seu ofício. A quantidade de meninas
e meninos que se vem nas relações de maternidade e paternidade precocemente. A
quantidade de jovens que estão ligados ao tráfico de drogas e outros tipos de
violência. A quantidade de jovens que precisam tomar conta dos irmãos mais
novos, ou dos idosos da família. Finalmente, a quantidade de jovens que
precisam trabalhar, de forma perene ou sazonal, tanto nos perímetros urbanos, quanto
nas lavouras e no extrativismo.
Mas estamos enchendo o copo. Mesmo
com a consciência umbilical de que muito deve ser feito precisamos pensar que
esses dados não foram ao acaso. Eles representam a institucionalização e
implementação na rede estadual de Alagoas de várias ações e principalmente de
uma nova atmosfera da vida escolar. Assim, o protagonismo juvenil tem sido uma
das marcas dos últimos tempos nas escolas da rede estadual, e dizendo-o por uma
interpretação bastante pessoal que o desenvolvimento dessa perspectiva também é
o fortalecimento da gestão democrática e por fim, do exercício da cidadania. Percebemos,
ainda, que o desenvolvimento da proposta curricular das escolas de Ensino
Integral também está nessa direção. Finalmente, a rede estadual de ensino passou
a entender e agir para o desenvolvimento da inclusão e da qualidade do ensino
através da prática cidadã e da perspectiva científica para a formação dos
nossos estudantes.
(Daniel Marinho, Rapsodo dos
Sertões, Gerente de Desenvolvimento Educacional)
Olá! Onde foram publicados os dados de 2017?
ResponderExcluirNo INEP... mas os dados ainda são provisórios.
ResponderExcluir