segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

ENCRUZILHADAS DA JUVENTUDE BRASILEIRA - PARA UM NOVO ENSINO MÉDIO


Desde a promulgação da LEI Nº 13.415, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2017, indicativa das mudanças na LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que a sociedade brasileira se questiona a respeito de qual futuro o Ensino Médio terá. E, de fato, são muitas as indagações, opiniões, possibilidades sociais e econômicas. Vamos, em nosso blog, iniciar uma discussão com várias interpretações e posicionamentos sobre as dúvidas e as ansiedades que circulam a reforma do Ensino Médio. Sigamos.
A primeira encruzilhada é política. Em que pesem todas as incertezas políticas da atual conjuntura de nosso país, sabemos que elas afetarão a construção de um novo modelo para o Ensino Médio. Sendo a plataforma política extremamente vasta, podemos relatar a coexistência de vários discursos. Entretanto, todos eles estão bem condensados em propagandas televisivas opacas e de pouca profundidade. A propaganda da televisão, entre outros temas, retrata a necessidade que o Ensino Médio tem de se reportar realmente às ansiedades da juventude brasileira, à necessidade da construção de itinerários adaptados e flexíveis e à garantia dos direitos mínimos de educação através da promulgação da BNCC. O que se sabe, por outro lado, é que ainda não existe um desenho ou protótipo de flexibilização curricular. Ao final das contas, quais experiências poderíamos denominar dessa forma? Nesse sentido, beber em experiências internacionais nos parece ser um caminho interessante, ao passo que, também não garantem sucesso por termos realidades totalmente diferentes em um país continental. Uma coisa é fazer educação básica em CNTP islandesas, outra coisa é realizar política pública educacional para quase 200 milhões de habitantes.
Outro aspecto preocupante para o Novo Ensino Médio é que ele também é refém da conjuntura política partidária. Não existe nada mais opaco do que essa situação. Lembremos que, já no governo Dilma, existia uma proposta análoga à que existe hoje no governo Temer. Soma-se a isso a incrível onda conservadora que observamos. Saída das entranhas da máquina política estatal, o Movimento Escola sem partido graceja a existência, ou retorno, de valores de imparcialidade, quando na verdade conclama o retorno dos valores morais cristãos, embasados em uma moralidade religiosa e/mais fundamentalmente não científica, como valor a ser adotado pelas escolas. Resumindo, a escola nega a sua própria essência, que é a de ser o receptáculo da cultura e da ciência moderna, como valor insubstituível do mundo laico. É importante lembrar, e peço aos leitores que aturem esse meu parêntese, que a escola moderna, civilizada ou que ao menos se propõe como tal, só pode ser democrática, científica e laica.
Dependerão dos fatores políticos ainda outras questões cruciais, como o financiamento da educação integral, profissional, os novos modelos de carreira para o profissional de magistério, a remuneração docente e, também, a estruturação do Ensino Médio que atenda aos segmentos de numerosos de jovens e adultos que não poderão se adaptar ao tempo integral – quem precisa trabalhar e etc. Em meio a tantas possibilidades, o primeiro desafio que pode se contrapor ou facilitar a reforma do Ensino Médio é de caráter político. Por isso mesmo é que se configura como uma encruzilhada. Sem perder as esperanças, vamos seguindo e discutindo.

PAZ, BEM, ESPERANÇA E LUTA – Antônio Daniel Marinho Ribeiro, Rapsodo dos Sertões.    

2 comentários:

  1. Reflexão muito interessante! Vamos ver como se darão os próximos passos!!

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  2. Muito bom! "A escola democrática, científica e laica". Meus aplausos!

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