Desde
a promulgação da LEI Nº 13.415, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2017, indicativa das
mudanças na LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que a sociedade brasileira se
questiona a respeito de qual futuro o Ensino Médio terá. E, de fato, são muitas
as indagações, opiniões, possibilidades sociais e econômicas. Vamos, em nosso
blog, iniciar uma discussão com várias interpretações e posicionamentos sobre
as dúvidas e as ansiedades que circulam a reforma do Ensino Médio. Sigamos.
A
primeira encruzilhada é política. Em que pesem todas as incertezas políticas da
atual conjuntura de nosso país, sabemos que elas afetarão a construção de um
novo modelo para o Ensino Médio. Sendo a plataforma política extremamente
vasta, podemos relatar a coexistência de vários discursos. Entretanto, todos
eles estão bem condensados em propagandas televisivas opacas e de pouca
profundidade. A propaganda da televisão, entre outros temas, retrata a
necessidade que o Ensino Médio tem de se reportar realmente às ansiedades da
juventude brasileira, à necessidade da construção de itinerários adaptados e
flexíveis e à garantia dos direitos mínimos de educação através da promulgação
da BNCC. O que se sabe, por outro lado, é que ainda não existe um desenho ou
protótipo de flexibilização curricular. Ao final das contas, quais experiências
poderíamos denominar dessa forma? Nesse sentido, beber em experiências
internacionais nos parece ser um caminho interessante, ao passo que, também não
garantem sucesso por termos realidades totalmente diferentes em um país
continental. Uma coisa é fazer educação básica em CNTP islandesas, outra coisa
é realizar política pública educacional para quase 200 milhões de habitantes.
Outro
aspecto preocupante para o Novo Ensino Médio é que ele também é refém da
conjuntura política partidária. Não existe nada mais opaco do que essa
situação. Lembremos que, já no governo Dilma, existia uma proposta análoga à
que existe hoje no governo Temer. Soma-se a isso a incrível onda conservadora
que observamos. Saída das entranhas da máquina política estatal, o Movimento
Escola sem partido graceja a existência, ou retorno, de valores de
imparcialidade, quando na verdade conclama o retorno dos valores morais cristãos,
embasados em uma moralidade religiosa e/mais fundamentalmente não científica,
como valor a ser adotado pelas escolas. Resumindo, a escola nega a sua própria essência,
que é a de ser o receptáculo da cultura e da ciência moderna, como valor
insubstituível do mundo laico. É importante lembrar, e peço aos leitores que
aturem esse meu parêntese, que a escola moderna, civilizada ou que ao menos se
propõe como tal, só pode ser democrática, científica e laica.
Dependerão
dos fatores políticos ainda outras questões cruciais, como o financiamento da
educação integral, profissional, os novos modelos de carreira para o
profissional de magistério, a remuneração docente e, também, a estruturação do
Ensino Médio que atenda aos segmentos de numerosos de jovens e adultos que não
poderão se adaptar ao tempo integral – quem precisa trabalhar e etc. Em meio a
tantas possibilidades, o primeiro desafio que pode se contrapor ou facilitar a
reforma do Ensino Médio é de caráter político. Por isso mesmo é que se
configura como uma encruzilhada. Sem perder as esperanças, vamos seguindo e
discutindo.
PAZ,
BEM, ESPERANÇA E LUTA – Antônio Daniel Marinho Ribeiro, Rapsodo dos Sertões.
Reflexão muito interessante! Vamos ver como se darão os próximos passos!!
ResponderExcluirMuito bom! "A escola democrática, científica e laica". Meus aplausos!
ResponderExcluir